Histórias de Sucesso

Grãos

Início promissor

Projeto auxilia pequenos produtores de milho e soja a planejar a safra e a gerar novos negócios


César Macedo

O produtor rural Carlos Afonso Braga Lobato é proprietário da Fazenda Santo Antônio, localizada em Carmo da Mata, região Oeste do estado. Na safra 2022/2023, ele plantou cem hectares de milho e igual quantidade de soja, obtendo uma colheita que superou sua expectativa: 85 sacas de soja e 160 de milho por hectare, com 60 kg cada uma. A qualidade da produção e o estabelecimento de relações comerciais permitiram que 100% dos grãos fossem vendidos para a Avivar, empresa mineira sediada em São Sebastião do Oeste e produtora de um mix variado de cortes congelados e resfriados de aves.

Carlos atribui os bons resultados à participação no Mais Grãos, projeto do Sebrae Minas iniciado em 2021 e que, em sua primeira edição, reuniu 27 produtores rurais das regiões Oeste e Centro-Oeste do estado. Entre os fatores que contribuíram para o incremento na produtividade da Fazenda Santo Antônio, destaca-se o manejo de pulverização fitossanitária – aplicação de produtos que impedem a proliferação de pragas – da cultura da soja nos momentos corretos, prática que teve uma ótima resposta das plantas.

Segundo a analista do Sebrae Minas Ana Caroline Pessoni, a proposta do Mais Grãos é dar assistência técnica e gerencial aos produtores de grãos, principalmente milho e soja. O projeto também conecta os produtores ao mercado demandante de grãos da região, sobretudo empresas especializadas em avicultura e suinocultura, facilitando o escoamento da safra e oferecendo boas condições de negócios. Além disso, promove acesso a uma linha de crédito direcionada às especificidades do setor, por meio de parceria com o Sicoob Credibam e o Sicred.

O Mais Grãos passa por ajustes para a continuidade em novo ciclo, ainda em 2023

Concebida pelo Sebrae Minas, a iniciativa passa por ajustes necessários para a continuidade em novo ciclo, que começa ainda no segundo semestre deste ano. Carlos Lobato confirmou participação e já estabeleceu metas: trabalhar com soja na safra principal e com milho apenas na “safrinha”, método também conhecido como milho de sequeiro, sem irrigação, cujo período de cultivo se dá entre janeiro e abril, após a colheita da soja.

Parceria benéfica

A dinâmica do Mais Grãos inclui visitas mensais às fazendas participantes, realizadas por consultores técnicos; auxílio no planejamento e na gestão da safra; ampliação do leque de parceiros comerciais; repasse de orientações técnicas sobre irrigação, produtividade, eficiência e tendências de mercado, além de dicas de armazenamento. “São pontos de atenção que ajudam os empreendedores do campo”, pontua Ana Caroline.

Todo o conteúdo foi importante para a produtora rural Maria Marli do Amaral Ferreira, proprietária da Fazenda Pedra Grande, situada em Cláudio. Além da criação de bezerros da raça Nelore, a propriedade abriga uma plantação de milho afetada por um processo de tombamento que prejudicava a safra. Foi o engenheiro agrônomo André Lopes, consultor técnico do projeto, que identificou o problema. “Ele percebeu que a semente que utilizávamos não era compatível com o período em que fazíamos a colheita, e isso causava muita perda. Agora, estamos usando uma semente que proporciona um ciclo maior para eliminar o risco de tombamento dos pés”, relata Marli.

A produtora destaca o auxílio do Mais Grãos para o aprimoramento da gestão financeira. “Com a consultoria, elaboramos um planejamento de vendas para lidar com as instabilidades do mercado e obter melhores resultados. Em suma, a parceria foi muito benéfica”, completa.

Sem receita pronta

A correção de solo indicada pela consultoria viabilizou o aumento da produção de Guilherme Teixeira
Crédito: Pedro Vilela

O consultor André Lopes também atendeu ao produtor rural Guilherme Henrique Teixeira, proprietário da Fazenda Floresta, em São Sebastião do Oeste. Lá, a plantação de milho ocupa cerca de 115 hectares e registrou produção média de 160 sacas por hectare na atual safra. “O projeto Mais Grãos chegou para somar. A melhoria de nossa produção se deve muito a uma correção de solo que a consultoria nos indicou”, explica Guilherme.

A experiência acumulada no atendimento aos produtores rurais proporcionou a André uma visão ampliada sobre as principais virtudes do projeto. “O fato de as consultorias serem individualizadas, ou seja, não oferecerem receitas prontas, é um dos pontos altos do Mais Grãos. Atuamos para identificar dificuldades e propor soluções eficientes para problemas específicos”, acrescenta. Outra estratégia do projeto, segundo ele, é fazer com que os produtores encarem sua atividade como um negócio. “Ter uma gestão do custo de produção é muito importante, porque só assim eles vão conseguir operar melhor no mercado e, consequentemente, melhorar os preços de venda e alcançar boa margem de lucro.”

Desenvolvimento regional

José Donizete de Paula avalia que o Mais Grãos tem potencial para criar uma cadeia integrada de produção e consumo de grãos
Crédito: Pedro Vilela

José Donizete de Paula é ex-presidente do Conselho do Sicoob Credibam, produtor rural em Bambuí e um dos maiores entusiastas do Mais Grãos. Rapidamente, ele percebeu o alcance do projeto e seu potencial para criar uma cadeia integrada de produção e consumo de grãos. “O programa ajuda a alavancar a nossa produção, o que é positivo para o desenvolvimento regional.”

Ele relata que todas as ações realizadas em conjunto ajudam a aumentar a competitividade dos negócios, melhorando o faturamento dos produtores. “A chancela do Sebrae Minas demonstra que o Mais Grãos é um projeto sério, e isso dá credibilidade para todos os agentes participantes, tanto para quem produz quanto para quem compra. O planejamento é bem feito, as visitas técnicas são muito proveitosas, e a formação de grupos de produtores possibilita uma troca de ideias importante. Não à toa, cada vez mais produtores têm manifestado interesse em aderir”, avalia.

Diagnóstico mais completo em novo ciclo

O Mais Grãos teve início na safra 2022/2023 e, por esse motivo, ainda não foi possível reunir dados comparativos mais concretos. “Muitos produtores não tinham controle algum de custos ou de produtividade antes de iniciarmos o trabalho”, explica o consultor técnico Josias Amaral. A analista do Sebrae Minas Fabiana Vilela complementa: “Tivemos que intervir em um cenário em que o produtor não fazia planejamento de safra nem controle de custos. Mas, mesmo sem ainda ter essa base de comparação, já percebemos que os resultados são muito positivos”. Ambos concordam que, com a continuidade dos trabalhos no segundo ciclo, o processo será mais controlado e, certamente, mostrará uma evolução ainda mais robusta.