Mais eficiência na construção civil

Metodologia BIM envolve pessoas, tecnologia e processos para otimizar resultados das empresas do setor

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César Macedo

Em 2011, quando ainda cursava Engenharia Civil, na cidade de Governador Valadares, localizada no Vale do Rio Doce, Guilherme Valente teve o primeiro contato com o nome BIM. A sigla vem da expressão em inglês Building Information Modeling, cuja tradução é Modelagem de Informações da Construção. Em linhas gerais, trata-se de uma metodologia que possibilita simular uma edificação, abrangendo todos os aspectos associados à sua execução.

Já de início ele identificou várias potencialidades na ferramenta, principalmente destinadas ao aperfeiçoamento e à aceleração de projetos, pois muito do que ele aprendia nos bancos escolares remetia a processos arcaicos, morosos, cheios de idas e vindas. Ao pesquisar um pouco mais, descobriu que a metodologia vinha sendo utilizada em larga escala, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. “Eu vi que em países como Alemanha, Suíça, Suécia, França e Holanda, a discussão sobre a adoção obrigatória do BIM para a realização de obras públicas estava bem adiantada. Se lá fora o tema já era destaque, aqui, no Brasil, ainda era tudo mato”, relata com humor.

A inquietação do estudante prosseguiu e, ainda na faculdade, ele participou do Empretec, programa de formação de empreendedores criado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Daí surgiu a ideia de transformar seu interesse no BIM em uma oportunidade de negócio.

Concluída a graduação em 2015, após uma experiência como funcionário de uma empresa do ramo de construção, Guilherme decidiu criar, em 2018, a GVBIM, sediada em Governador Valadares. A empresa realiza análise de risco de empreendimentos – em fase de projeto ou em execução – e faz a implantação e o acompanhamento de processos tecnológicos em instituições. Naquele mesmo ano, Guilherme também participou do primeiro Seminário BIM de Minas Gerais (1º SEBIM-MG), promovido pelo Sebrae Minas e parceiros.

De lá para cá, o engenheiro e empresário vem participando das edições anuais do evento, quando costuma falar sobre a importância da modelagem em empreendimentos bem-sucedidos. “O BIM não é apenas um software, mas uma metodologia que inclui pessoas, tecnologia e processos para otimizar resultados. O Sebrae tê-lo incorporado às suas capacitações foi uma ótima notícia, porque ajuda a divulgar e popularizar a metodologia.”

Visibilidade

O 1º SEBIM-MG, realizado em 2018, também foi um marco para o engenheiro mineiro Lucas Andrade. Ele vinha pesquisando a ferramenta desde 2010 e, cinco anos depois, abriu a BIMLab, empresa sediada em Belo Horizonte, especializada em implantação da modelagem. Em sete anos de estrada, o empresário executou cerca de 2 milhões de metros quadrados de projetos para clientes no Brasil e no exterior.

Mesmo operando profissionalmente com a metodologia desde 2015, Lucas conta que o seminário promovido pelo Sebrae Minas e parceiros o ajudou a ampliar sua rede de relacionamentos de maneira significativa. E não tardou para que os resultados aparecessem: o faturamento aumentou seis vezes de 2018 para 2019, um crescimento da receita equivalente a 500%. Desde 2020, a BIMLab vem crescendo, em média, cerca de 30% ao ano.

Não à toa, Lucas se tornou parceiro cativo do Sebrae Minas. Além de ter participado de todas as cinco edições do SEBIM realizadas entre 2018 e 2022, atualmente ele é consultor do curso de Introdução ao BIM em várias cidades mineiras. “As palestras e capacitações realizadas no interior ajudam a descentralizar o conhecimento, levando informações de ponta para além da capital”, comenta.

Segundo o especialista, uma das vantagens de atuar com o BIM é que, mesmo com uma estrutura funcional enxuta, é possível atender grandes empresas. “Uma equipe pequena, mas com expertise, consegue implementar a modelagem em grandes empresas, instituições públicas, federações e sindicatos”, observa.

Lean promove gestão eficiente de projetos

Entre as ações do Sebrae Minas voltadas para a gestão de negócios, destacam-se cursos e consultorias baseados nas chamadas Ferramentas Lean. O nome faz referência à expressão “Lean Manufacturing” (Manufatura Enxuta), metodologia implantada pela Toyota na década de 1980, que, resumidamente, estabelece um fluxo contínuo de tarefas para aumentar a eficiência e evitar desperdícios.

Localizada em Belo Horizonte, a Pragma Projetos desenvolve planejamentos de engenharia para construtoras. Para aperfeiçoar seus processos e controles de gestão administrativa e financeira, os sócios Marcela Almeida e Rodrigo Barbosa buscaram o apoio do Sebrae Minas em 2021. As Ferramentas Lean foram recomendadas por ajudarem a reavaliar, refazer e unificar todos os processos de gestão. E as mudanças na Pragma contaram, ainda, com uma inovação levada por Rodrigo: o uso da plataforma de gestão Monday, que utiliza as ferramentas do Lean. “Rodrigo transpôs o raciocínio da consultoria Lean para o sistema Monday e, dessa forma, conseguiu uma precisão organizacional incrível”, destaca Alessandro Challub, analista do Sebrae Minas.

Atualmente, a Pragma consegue saber, por exemplo, quanto tempo cada colaborador gasta para realizar uma etapa de um projeto. Além disso, reúne, em um mesmo ambiente digital, informações sobre os clientes e sobre a gestão de contratos. “Conseguimos medir melhor o tempo de elaboração dos projetos, organizar as etapas e fazer planejamento semanal das atividades. Outro benefício foi unir a gestão de projetos e a gestão financeira”, diz Marcela. “Depois de três a quatro meses de uso do Lean, aumentamos em cerca de 50% nosso faturamento mensal. E o número de projetos que orçamos por mês praticamente dobrou”, destaca Rodrigo.