Histórias de Sucesso

Educação

Desafios para a geração superconectada

Olimpíada Empreendedora ativa projetos e ideias criativas para solucionar problemas reais


Fernanda Pereira

Na era da informação, tudo acontece muito rapidamente. Em sala de aula, o desafio dos educadores não é mais o de lidar com uma geração superconectada, mas prepará-la para usar a tecnologia e a inovação em favor das mudanças que o mundo requer. Para auxiliar nesse desafio, há dois anos, o Sebrae Minas criou a Olimpíada Empreendedora, uma jornada de aprendizagem voltada para educadores de escolas públicas de todo o estado, com o intuito de ativar e incentivar projetos e ideias criativas, capazes de resolver problemas reais do cotidiano escolar.

O programa é realizado por meio de uma plataforma digital, com atividades em duas fases, a Jornada de Aprendizagem e o Desafio. De acordo com a analista do Sebrae Minas Joana Rafaela, há a proposta de um novo olhar dos participantes sobre as novas tecnologias, linguagens e ferramentas, além do melhor aproveitamento do volume de informações disponíveis. Para o analista do Sebrae Minas Wendell Ferreira, a Olimpíada potencializa os trabalhos realizados por meio do Programa de Educação Empreendedora. “É um momento dedicado à aprendizagem criativa dos professores e alunos e que permite o desenvolvimento de projetos de impacto com grande potencial de transformação. Isso sem falar da oportunidade de desenvolver, nesse público, o comportamento empreendedor para a resolução de problemas”, destaca.

Equipe da Escola Municipal Santa Maria, de Uberaba

Incentivando a leitura

A segunda edição do programa contou com a participação de 417 educadores na Jornada de Aprendizagem e 118 na etapa do Desafio. Foram 68 equipes inscritas, 30 delas classificadas para a etapa estadual. Dez projetos foram premiados, nove deles oriundos de escolas do Triângulo Mineiro.

A Escola Municipal Professor José Teodoro Borges, de Nova Ponte, ficou em primeiro lugar na categoria Ensino Fundamental I com o projeto Litera Books, que incentiva a leitura entre estudantes dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Inicialmente, um clube de leitura virtual foi criado, abastecido por arquivos PDF de obras de domínio público e compartilhado com os pais das crianças por meio do WhatsApp. Além disso, foram disponibilizados podcasts literários – com contação de uma história ou discussão dos temas dos livros disponibilizados, tornando-os mais interessantes e convidativos. E não ficou por aí: houve a percepção de que era preciso criar algo ainda mais atrativo, surgindo a Geladeira Literária, uma estante que a própria equipe construiu usando a carcaça de um antigo eletrodoméstico. “Percebemos que as crianças ficaram realmente interessadas e passaram a procurar mais os livros. Isso foi muito motivador para a equipe”, afirma Mara Rúbia Aparecida da Silva, professora que liderou a equipe.

A aluna Mariana Yachid Cunha Dionísio, de 11 anos, diz que a participação na Olimpíada trouxe benefícios para si própria. “Depois que passei a pesquisar uma forma de incentivar os colegas, eu mesma comecei a ler mais e acho que isso vai ficar para o resto da minha vida”, conta. Familiarizada com a cultura empreendedora em sala de aula, Mariana compartilha a sua percepção sobre o tema. “Acho que as pessoas devem buscar oportunidades para desenvolver projetos que possam mudar a vida delas.”

Solução para a fome

Na categoria Ensino Fundamental II, a Escola Municipal Santa Maria, de Uberaba, ficou em primeiro lugar com o projeto Mãos que Ajudam, ação de cunho social para criar condições seguras de auxílio a pessoas em situação de rua, garantindo aos doadores que os recursos são revertidos para a compra de alimentos e não fomentam vícios. “Uma rede foi criada com pessoas interessadas em ajudar, que passaram a utilizar uma moeda virtual nas doações, em vez de dinheiro. E quem recebe a moeda pode trocá-la por uma refeição equilibrada em restaurantes conveniados”, explica a professora Cláudia Santos Silva Rabelo.

Como educadora que já trabalha os pilares do empreendedorismo em sala de aula há algum tempo, Cláudia considera que a Olimpíada é uma oportunidade excelente. “O projeto abre a mente para um mundo de possibilidades, os alunos se sentem valorizados, e, para nós, é gratificante e motivador.”

O estudante Alexandre Nascimento avalia que os conhecimentos de mercado adquiridos no desafio são muito relevantes. “Aprendi sobre gestão de mercado, como as pessoas se comportam e interagem e como criar estratégias para vender um produto ou ideia a partir disso. Fiquei muito interessado”, afirma.

Equipe da Escola Municipal Professor José Teodoro Borges, de Nova Ponte