Histórias de Sucesso

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BARU CHEGA A DUBAI

Cooperativa mineira exportou mais de duas toneladas da fruta do Cerrado Mineiro


Josie Menezes

Mais de 300 famílias cooperadas da Cooperativa da Agricultura Familiar (Copabase), de Arinos, no Noroeste do estado, celebram os bons resultados de um trabalho feito junto ao Sebrae Minas: em junho, mais de duas toneladas de baru beneficiadas por eles foram exportadas para Dubai, no Oriente Médio.

A Copabase foi fundada há 15 anos. “À época foi feito o diagnóstico local, e se identificou-se a necessidade de criar uma cooperativa voltada para a comercialização da agricultura familiar”, relembra o gerente regional do Sebrae Minas Marcos Alves. Ele relata que havia necessidade urgente de profissionalização e valorização da agricultura, visto que, até a década de 1970, só havia relatos de extrema pobreza rural. “Aqui, na região, temos um triste histórico de jovens indo para a capital sem perspectiva alguma. A cooperativa veio para devolver a dignidade às famílias dos produtores”, analisa Marcos.

Com os frutos naturais do Cerrado, como pequi, baru e mangaba, o trabalho da Copabase fluiu e passou a ter uma produção diversificada. Mas, em 2020, a cooperativa entrou em crise. “Veio a pandemia, e 70% dos contratos foram perdidos, pois eram todos para escolas e Exército pelo Programa Nacional de Alimentação (PNAE)”, recorda a analista do Sebrae Minas Daniele Moreira. A instituição entrou como parceira para estudar possibilidades de novos mercados e profissionalizar a equipe interna da cooperativa. “Era essencial ensiná-los a se estruturarem, a se comunicarem melhor e a terem clareza da grande capacidade de produção e de venda que tinham em mãos”, recorda Daniele.

Do limão à limonada
Em meio à crise, a Copabase não teve alternativa a não ser se profissionalizar com consultorias de gestão, de controle de custos e de vendas. “No ano de 2022, os resultados começaram, e eles chegaram até as redes Carrefour e Pão de Açúcar. Inicialmente em Brasília, depois em São Paulo e dali não parou mais. A castanha de baru começou a ser comercializada para 40 unidades da Rede Carrefour, atualmente são mais de cem”, comemora a analista. A participação em feiras também se intensificou e, em 2023, foi obtida a certificação de produto orgânico pelo Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (BD).

A Copabase não imaginava, mas, ao se profissionalizar, o caminho da internacionalização acabou vindo de forma natural. Os 70 cooperados que apenas sobreviviam agora colhem mais do que os frutos nativos do Cerrado: colhem também os resultados de uma gestão empreendedora.

Já provou?

O baru tem propriedades antioxidantes, é rico em vitamina E, zinco, ferro, potássio, cálcio, fósforo, magnésio e ácidos graxos. Estudos apontam que, além de ajudar a diminuir o colesterol e a combater doenças cardiovasculares, a fruta contribui para diminuir os riscos de Alzheimer, diabetes, obesidade e câncer.

Tanto a polpa quanto a amêndoa são comestíveis. O sabor da amêndoa é similar ao do amendoim, e ela pode ser torrada para ser consumida como um aperitivo ou para uso em receitas, como pé de moleque, paçoca, cajuzinho, entre outras. Com a polpa pode-se fazer geleias e licores, por exemplo.