Consultoria
Menos impacto, mais produtividade
Projeto desenvolvido pelo Sebrae Minas junto à Universidade Federal de Viçosa avalia balanço de carbono e propõe técnicas inovadoras em 75 fazendas mineiras
Josie Menezes
Para apoiar pequenos produtores rurais do estado na identificação e mitigação dos principais impactos ambientais causados por suas atividades, o Sebrae Minas viabilizou, por meio do Educampo e em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), projeto que incluiu, entre outras ações, um estudo para quantificação e análise das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 51 propriedades de leite e 24 de café. Com base nesse levantamento, a instituição apresentou aos produtores práticas e tecnologias específicas que vão contribuir para ampliar a competitividade e a sustentabilidade do setor.
O estudo apontou que as principais fontes emissoras na pecuária de leite foram a fermentação entérica, um processo digestivo natural em animais ruminantes (64,54%), a correção e fertilização do solo (17,97%) e o manejo de dejetos (13,63%). Já as principais fontes de emissão relacionadas à atividade cafeeira foi o uso de fertilizantes (54,6%) e corretivos (22,9%), seguido pelo consumo de combustíveis (6,4%).
Responsável pela coordenação do grupo de trabalho, a professora e pesquisadora da UFV Adriana Ferreira de Faria afirma que as afirma que as fazendas do Educampo que participaram da pesquisa apresentaram-se, em geral, acima da média. “Nosso país, em grande medida, tem o agro mais sustentável do planeta, e Minas Gerais reflete bem essa realidade”, comemora a pesquisadora. Ela também ressalta que o Educampo se destaca por levar tecnologias de gestão de forma absolutamente acessível. “Com isso, os pequenos produtores conseguem melhorias de desempenho sem necessidade
de grandes investimentos financeiros, o que sabemos ser extremamente complicado para eles”, frisa.
Além do levantamento dos impactos, o projeto possibilitou o mapeamento das melhores práticas sociais e ambientais nas propriedades pesquisadas. “É praticamente impossível pensar em sustentabilidade sem inovação tecnológica”, afirma Adriana. Ela explica que, por exemplo, o menor uso de fertilizantes e outros agroquímicos reduz o impacto nos ecossistemas naturais e também os custos do negócio, o que resulta em maior competitividade. Outro bom exemplo apontado pela pesquisadora é a preservação de nascentes. “Ao adotar medidas para isso, os produtores favorecem a redução do escoamento de produtos químicos para lagos, rios e águas subterrâneas, preservando os estoques disponíveis de água.”