Histórias de Sucesso

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ALINHADOS AOS NOVOS PADRÕES DE CONSUMO

Atentos às oportunidades da economia circular, empreendedores buscam no Sebrae Minas alternativas para inovar de forma sustentável


Lucas Alvarenga

As mãos que produzem cosméticos ecológicos em respeito ao planeta se juntam, num mesmo propósito, àquelas que manejam a lavoura de café em associação com a natureza ou que garimpam oportunidades em roupas de segunda mão. Elas tateiam um novo mercado, sintonizado com as mudanças nos padrões de consumo.

Antes relegada ao discurso, a busca por modelos de negócios sustentáveis se enraizou na cultura das marcas, semeada por consumidores cada vez mais preocupados em cuidar do planeta. Não por acaso, o interesse em adquirir produtos ambiental e socialmente corretos dobrou entre abril de 2021 e março de 2022 no Brasil, como mostra a pesquisa Tendências de consumo on-line com impacto positivo, realizada pelo Mercado Livre.

O interesse em contribuir para uma economia disposta a repensar o consumo mobiliza empreendedores mineiros, que procuram o apoio do Sebrae Minas para inovar. Carolina Rosa é um deles: bióloga, ela descobriu no mestrado em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável o seu propósito de vida. Assim, abandonou um trabalho de quase dez anos, em 2019, para se dedicar à fabricação de produtos de cosmética natural, vegana e biodegradável.

“Quando comecei meu mestrado em São Paulo, pesquisei as composições de um cosmético industrializado e fiquei espantada com o quão agressivos eles são para nossa saúde e o meio ambiente. Como precisava trabalhar para me manter na cidade, uni o útil ao necessário. Fiz um curso de produção de cosméticos naturais para relacionar minha formação à prática e abri a ECO Saboaria Natural, relançada como Gravetos de Cheiro após uma consultoria do Sebrae Minas”, recorda.

Ao participar do Sebraetec, Carolina Rosa mudou os rumos do seu negócio
Crédito: Pedro Vilela

No seu ateliê em Lagoa Santa, na Região Central de Minas, Carolina transforma a biodiversidade do Cerrado em pequenos gestos de cuidado. De pequi, barbatimão, buriti, pimenta-rosa, aucuba, açafrão-da- -terra e macaúba, fornecidos por comunidades tradicionais, são feitos sabonetes, cremes, xampus e desodorantes. Por meio dos cosméticos, a empreendedora revisita passeios em família pelo bioma e deposita a esperança de que sua saboaria reforce a importância de preservá-lo.

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Carolina iniciou sozinha sua trajetória empreendedora, criando o logotipo e as embalagens da antiga marca. Com a ajuda das orientadoras de mestrado, traçou um plano de negócios até descobrir que a ECO Saboaria não poderia ser registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Sem condições financeiras para arcar com um projeto de marca, ela, então, recorreu ao Sebrae Minas para mudar os rumos do negócio. Embora já tivesse assistido a palestras promovidas pela instituição, Carolina se surpreendeu com o Sebraetec. “Só em Minas, fazemos mais de 6 mil atendimentos por ano via Sebraetec”, ressalta a analista do Sebrae Minas Alessandra Simões. Além disso, as consultorias personalizadas são acompanhadas de subsídio financeiro de 70%, atendendo de microempreendedores individuais (MEI) a pequenas empresas (MPE), passando por produtores rurais, artesãos e microempreendedores.

A jornada de Carolina pelo programa incluiu consultorias de branding, identidade visual, design de rótulos e embalagens. “Após um ano de Sebraetec, a Gravetos de Cheiro nasceu, com um nome retirado da minha dissertação de mestrado e conectado à sustentabilidade do negócio. Com o programa, consegui produzir kits em latinhas e embalagens de vidro, além de usar tintas ecológicas nos rótulos. As pessoas veem valor e pagam. No Natal de 2022, vendi quase o dobro em relação ao anterior.”

Com a saboaria mais estruturada, ela passou a ocupar espaço em exposições de grande porte, como a Feira Nacional de Artesanato. “O próximo desafio será aumentar as vendas on-line e a participação de mulheres em meu negócio. Há três anos, mantenho uma motogirl, para as entregas. Também quero que meus produtos despertem o autocuidado”, explica.

Do Brasil para o exterior

A cafeteria potencializa o turismo gastronômico na Fazenda Catiguá
Crédito: Pedro Vilela

Em Cambuquira, na Região da Serra da Mantiqueira, outra mulher transformou um modelo de negócios tradicional em exemplo de sustentabilidade. À frente da Fazenda Catiguá desde 2013, a advogada e filha única de um casal de agricultores Ivanyse Bernardes trocou a carreira de analista no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pelos negócios da família. Desde então, tem promovido uma revolução silenciosa na propriedade, fundada em 1966.

Estudiosa, a produtora rural se dedicou a aprender as várias nuances dos cafés especiais para inserir a Fazenda Catiguá na rota das exportações. “Eu sempre ajudei nos negócios, mas tive que assumir a gestão depois que meus pais ficaram idosos. Fiz, então, uma série de cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) para entender o universo dos cafés especiais, enquanto buscava orientações sobre sucessão, finanças e novas lideranças junto ao Sebrae Minas.”

O aprendizado contínuo permitiu a ela repensar o modelo de negócios da propriedade. Atenta aos padrões de excelência, a cafeicultora investiu em uma produção mais sustentável, que concilia a lavoura com a recuperação de nascentes, a conservação de áreas de preservação permanente, o uso de energia limpa e renovável, além da adoção de produtos biológicos em vez de defensivos. Por isso tamanduás, macacos, lobos-guará e jaguatiricas são comuns na fazenda. Os esforços da agricultora foram premiados pelo Governo de Minas. A propriedade recebeu o selo Certifica Minas Café, que reconhece os produtores que adotam práticas mais sustentáveis e de rastreabilidade do produto, melhoram a qualidade dos grãos e a remuneração de suas equipes.

Com a certificação em mãos, ela recorreu novamente ao Sebrae para ajudá-la a criar uma nova identidade visual, registrar a fazenda no INPI e conquistar o tão sonhado mercado internacional. “Só vendíamos café para as cooperativas da região. Mas, desde o curso de exportação oferecido pelo Sebrae e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, conquistamos clientes nos Estados Unidos e na Alemanha”, ressalta Ivanyse. Com o Sebraetec, ela também criou embalagens para o café torrado e moído. “Quando você conta com uma assessoria de confiança, o negócio já começa corretamente.”

Durante uma consultoria oferecida pela instituição, a agricultora teve um novo insight para ampliar seu empreendimento. Com o apoio do Sebraetec para definição do branding e da identidade visual, ela ergueu uma cafeteria dentro da Fazenda Catiguá, potencializando o turismo gastronômico e proporcionando novas experiências aos interessados pelo café da família Bernardes. “O comprador faz turismo aqui e pode fechar negócio antes de retornar à sua terra natal.”

Digitalizar para crescer

O desafio de Lilian em 2023 é aumentar a conversão de vendas on-line e aprimorar a gestão e operação do Brechó Circulando
Crédito: Pedro Vilela

Expandir os negócios também é uma meta da administradora de empresas Lilian Teodoro. Ela trabalha há 14 anos em uma concessionária de energia elétrica em Cataguases, na Zona da Mata mineira. Nas horas vagas, comanda o Brechó Circulando com a ajuda da mãe, Cida, e da filha, Laura. “Minha relação com a moda é sustentável. Isso vem desde criança, pois a minha mãe comprava roupas da pechincha da igreja para mim. Até que, anos depois, surgiu a ideia de montar uma revenda consignada inspirada nos grandes centros de moda.”

Fundado em 2019, com a então sócia Nayara Santiago, o brechó – que ainda reúne um pequeno ateliê de reparos – se tornou um ponto de encontro para turistas que vão à cidade. “Nossos clientes trazem visitantes de fora para frequentar o brechó. Eles chegam e ficam encantados com o casarão e o perfil das peças. Quando decidimos montar esse negócio, queríamos trazer valor às peças que não faziam mais sentido para as pessoas. Por isso o nome: Circulando”, explica Lilian.

O Acelera Digital apoiou as MPE na promoção de seus negócios na internet durante a pandemia. Já o Varejo Mais oferece soluções aos pequenos varejistas para aumentar a conversão de vendas on-line e aprimorar a gestão e operação.

Com o apoio do Sebrae Minas, ela já iniciou o registro da marca e pretende, em breve, estruturar um plano de negócios que contemple um e-commerce e um modelo de franquia. Para impulsionar as vendas, Lilian se inscreveu nos programas Acelera Digital e Varejo Mais. “São programas de alto nível, com consultorias incríveis e um diagnóstico personalizado e gratuito. Você sai com outra visão sobre o próprio negócio.”

Ávidas por mais conhecimento, Lilian e a filha querem se aprofundar em marketing digital para juntas, consolidarem uma virada de chave no brechó. “Cuido, atualmente, não só da parte administrativa e financeira. Também faço postagens e lives com minha filha. As redes sociais são ferramentas que oferecem muitos caminhos a serem explorados. Se quisermos chegar a todos os lugares possíveis, precisamos continuar ao lado de parceiros como o Sebrae”, conclui.

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