Pequenas histórias de grande sucesso
A FAVELA VENCEU!
Bárbara Brier é palestrante, educadora, especialista em mecânica de automóveis, comunicadora e criadora do selo de certificação Oficina Amiga da Mulher
“A frase que veio à minha cabeça quando recebi o Prêmio Sebrae Mulheres de Negócios, no ano passado, foi: “A favela venceu!”. Além do orgulho, a conquista me fez rememorar toda a minha trajetória. Sou mineira da capital e venho de uma família simples, da periferia de Venda Nova. Com muita dificuldade, minha mãe cuidou dos três filhos e ajudou também a sustentar o meu pai, que sofreu de alcoolismo.
Minha mãe é vendedora de mármore e granito e, certa vez, um cliente falou com ela sobre os cursos profissionalizantes do Senai. Lá fui eu, com vontade de ser web designer. Mas passei para outra área e decidi seguir no curso de Aprendizagem Industrial de Mecânica.
Eu não tinha facilidade de entender mecânica de automóvel nem era uma das melhores alunas. Mas tinha bom comportamento, era boa em escutar e me relacionar. Enfrentei alguns preconceitos dos empregadores, que queriam homens para trabalhar. Mesmo assim, consegui atuar em lojas de autopeças e oficinas e estagiei em empresa que fazia manuais automotivos. Foi aí que minha carreira começou de verdade.
Costumo dizer que não escolhi a mecânica, foi ela que me escolheu. Na empresa de manuais, ganhei visibilidade e fui trabalhar na Fiat, na qual fiquei por oito anos. Nesse meio-tempo, fiz cursos de aprendizagem industrial e técnico de automobilística, graduação em Gestão da Produção Industrial, além de especialização e pós-graduação na área de Educação. E fui convidada para ministrar treinamentos, mesmo enfrentando rejeição por ser mulher e jovem. Houve um momento em que desanimei e busquei ajuda: fiz processo de coach e outras capacitações para entender o que realmente queria fazer. E descobri que não gostava tanto assim de carro e de mecânica, mas de trabalhar com pessoas da área técnica.
Muitas mulheres me pediam dicas sobre seus carros. Pensei: “Opa, tem oportunidade nessa área”. Pedi demissão e resolvi empreender, ministrando workshops de mecânica básica para o público feminino. Então, entendi que as mulheres não sentiam confiança nas oficinas tradicionais e que havia um problema de posicionamento, comunicação e gestão das oficinas. Veio a ideia de criar mentorias e um selo que identificaria serviços qualificados para atender melhor às mulheres. Em 2017, surgiu a certificação Oficina Amiga da Mulher.
Desde então, atendi a cerca de 110 oficinas e mais de dez indústrias de autopeças. Na prática, fornecemos treinamento de capacitação para ajudar as oficinas a atender às clientes com transparência e respeito. Ajudamos a formar, inclusive, mulheres gestoras de oficinas, o que praticamente não existia no Brasil.
Sei, por experiência própria, que empreender exige esforço e perseverança. Literal- mente, eu quebrei em 2018. Contei com apoio familiar, estudei mais sobre marketing e fui conquistando, um a um, cada cliente. Em 2021, quando me estabeleci em Campinas (SP), eu não tinha um fim de semana livre sequer. Foi quando, finalmente, consegui me reerguer.
Foi nesse período que me aproximei do Sebrae e conheci as ações e cursos sobre empreendedorismo feminino. Ainda em 2021, fiz o Empretec, que abriu minha mente e deu um up na minha empresa. Contei, também, com acompanhamento de um Agente Local de Inovação (ALI).
Ainda tenho muito o que fazer e a conquistar. Mas, depois de tanto esforço, trabalho e superação, posso dizer que venci. A favela venceu!”
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